quarta-feira, 11 de abril de 2007

Gravidez na Adolescência

Gravidez na Adolescência



Da década de 70 para cá, os índices de adolescentes grávidas, tem aumentado consideravelmente, e a média de idade das gestantes, diminuída. No Brasil, estima-se que de 20 a 25% do total das mulheres gestantes sejam adolescentes, ou seja, há uma gestante adolescente para cada cinco mulheres.
A gravidez ocorre geralmente entre a primeira e a quinta relação, sendo o parto, a principal causa do internamento de brasileiras entre 10 e 14 anos. Observamos que a idade em que ocorre a menarca tem se adiantado em torno de quatro meses por década no nosso século, o que significa que a mulher está exposta e sujeita a uma gestação, cada vez mais cedo. Nas classes económicas menos favorecidas, onde há maior abandono e promiscuidade, maior carência de informação, menor acesso à contracepção, está a grande incidência da gestação na adolescência. O contexto familiar exerce influência directa com a época em que se inicia a actividade sexual.
Estudos mostram que adolescentes que iniciam vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, geralmente vêm de famílias cujas mães também iniciaram vida sexual precocemente ou engravidaram durante a adolescência. Concluiu-se que, quanto mais jovens e imaturos os pais, maiores as possibilidades de desajustes e desagregação familiar.
O relacionamento entre irmãos também está associado com a actividade sexual: experiências sexuais mais cedo são observadas naqueles adolescentes em cuja família os irmãos mais velhos têm vida sexual activa. O medo de assumir o início da vida sexual, e a falta de diálogo dentro da própria família são grandes colaboradores para uma gravidez precoce. O conflito gerado nas adolescentes entre o “não” da família, e o “sim” autoritário que impera na mídia, faz com que estas busquem apoio, e raramente conseguem alguém para ouvi-las. O resultado disso é que, ou não usam, ou se utilizam dos métodos anticoncepcionais de baixa eficiência (coito interrompido, tabelinha).
Os factores psicológicos inerentes ao período da adolescência exercem grande influência sobre esse tipo de comportamento, pois a adolescente nega a possibilidade de engravidar (isso não vai acontecer comigo). Essa negação é tanto maior quanto menor a faixa etária; o encontro sexual é mantido de forma eventual, não justificando, conforme acreditam, o uso rotineiro da contracepção; e a posse do contraceptivo seria a prova formal de vida sexual activa. O uso de drogas e bebidas alcoólicas compromete a contracepção, além das que engravidam para casar-se.
A gravidez e o risco de engravidar podem também estar associados a uma baixa auto-estima, ao funcionamento intrafamiliar inadequado ou à menor qualidade de actividades do seu tempo livre. A falta de afecto e apoio da família, em uma adolescente cuja auto-estima é baixa, com mau rendimento escolar, grande permissividade e disponibilidade inadequada do seu tempo livre, poderiam induzi-la a buscar na maternidade precoce um meio para suprir suas carências, conseguindo um afecto incondicional, talvez uma família própria, reafirmando assim o seu papel de mulher, ou sentir-se ainda indispensável a alguém.
A própria sociedade, além da família, tem uma grande participação nas atitudes individuais do adolescente. Com as profundas mudanças em sua estrutura, a sociedade, actualmente, tem aceitado melhor a sexualidade na adolescência, sexo antes do casamento e também a gravidez na adolescência. Portanto tabus, inibições e estigmas estão diminuindo e a actividade sexual e gravidez aumentando. Por outro lado, dependendo do contexto social em que está inserida a adolescente, a gravidez pode ser encarada como evento normal, não problemático, aceito dentro de suas normas e costumes.

Alguns trabalhos mostram que a religião tem participação importante sobre o comportamento sexual do adolescente. Adolescentes que têm actividade religiosa apresentam um sistema de valores que os encoraja a desenvolverem comportamento sexual responsável. É o caso do crescimento de novas religiões evangélicas, que são, de um modo geral, bastante rígidas no que diz respeito à prática sexual pré-marital. Alguns profissionais de saúde que trabalham com adolescentes têm a impressão de que as adolescentes que frequentam essas igrejas iniciam a prática sexual mais tardiamente, porém, não há pesquisas comprovando essas impressões.
A Organização Panamericana de Saúde atribui o aumento do número de filhos de mães menores de 20 anos de idade ao fato de que “o conhecimento sobre a relação sexual livre se difunde mais rapidamente entre os adolescentes, que o conhecimento sobre os efeitos biológicos e psicológicos adversos da gravidez nessa idade, tanto para a mãe quanto para o filho”. As implicações acarretadas por uma gravidez precoce variam entre biológicas, familiares, emocionais e econômicas, além das jurídico-sociais, que atingem o indivíduo isoladamente e a sociedade como um todo, limitando ou mesmo adiando as possibilidades de desenvolvimento e engajamento dessas jovens na sociedade.

A OMS (Organização Mundial de Saúde/1977,1978), considera a gravidez na adolescência como de alto risco, devido às repercussões sobre a saúde da mãe (seu corpo ainda não está formado adequadamente para a maternidade) e do bebé (sofre a influência da imaturidade física e psíquica da mãe). Porém, actualmente postula-se que os riscos são mais significativos socialmente e emocionalmente que biologicamente para ambos. As consequências de uma relação sexual que implica uma gravidez, aparecem tardiamente e a longo prazo, tanto para a mãe, como para o bebé. Por um lado, a adolescente poderá apresentar problemas de crescimento e desenvolvimento, emocionais e comportamentais, educacionais e de aprendizado, dificuldade em actividades sexuais futuras além de complicações na gravidez e problemas no parto. Por outro, dependendo do grau em que essas complicações afectaram a vida dessa adolescente, as consequências serão sofridas pelo bebé, como rejeição, maus tratos, carência afectiva, entre outros….


Fonte: Link do Bebê
Alunos do 7º C

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